Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A primavera no Brasil é marcada por uma transição climática significativa, onde diversas regiões experimentam convergência de umidade vinda da Amazônia, que define a qualidade do período chuvoso sobre as regiões Centro-Oeste e Sudeste e em parte do centro-sul da região Norte. Na parte norte do Nordeste, as chuvas tendem a ser inferiores a 100 mm, enquanto diversas áreas presenciam um aumento nas temperaturas.
O período também marca o início do plantio de várias culturas de verão, e embora as chuvas sejam um alívio após a estiagem em certas áreas, também podem acarretar transtornos, como alagamentos e deslizamentos. A primavera de 2023 ocorrerá de 23 de setembro a 22 de dezembro.
Andrea Ramos, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), explica que, enquanto no ano passado o país estava sob a influência do fenômeno La Niña, este ano o El Niño predomina. O La Niña é caracterizado por muitas chuvas na região Norte e seca na região Sul, já o El Niño tem o efeito oposto.
“Tanto é que aquela seca que tá acontecendo ali na Amazônia é em função justamente da falta de chuvas que está ocorrendo. Quando ocorre, é de uma forma rápida e os valores estão ficando abaixo da média. Já na Região Sul, bom, aí você já pode imaginar como está acontecendo”, expõe.
Tiago Molina Schnorr, coordenador-geral de Gerenciamento de Desastres do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), avalia que o período de chuvas que acontece de agora até os primeiros meses do ano é sempre um período muito crítico para as pessoas que moram nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, Sul e também em partes da região Nordeste.
O coordenador alerta que, sendo este um período com um volume mais elevado de chuvas, ele pode trazer impactos e riscos para a proteção das pessoas. Ele orienta que os cidadãos estejam atentos aos históricos de perigos relacionados às chuvas em suas regiões e que conheçam bem os locais onde moram, trabalham ou por onde se deslocam diariamente.
“Conheça se são áreas com histórico de algum tipo de desastre, seja ele deslizamentos, inundações ou alagamentos. Se você residir ou permanecer no seu horário de trabalho em um local que seja uma área de risco, procure saber quais são as rotas de fuga, quais são os locais seguros para estar diante de uma situação de risco”, orienta.
Molina salienta que é importante sempre buscar informações oficiais de órgãos de Defesa Civil, seja utilizando informações de mídias sociais ou de sites que sejam confiáveis, pois durante esses períodos de instabilidade climática, muitas informações que não condizem com a realidade, também circulam, podendo representar um risco ainda maior para as pessoas que as recebem.
Prognóstico climático para outubro, novembro e dezembro/2023
Centro-Oeste
De acordo com o Prognóstico Climático de Primavera divulgado pelo INMET em conjunto com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a primavera deverá apresentar um retorno gradual e ainda irregular das chuvas. Prevê-se que volumes acima da média histórica beneficiarão o Mato Grosso do Sul e sul de Goiás, enquanto o Mato Grosso, centro-norte de Goiás e o Distrito Federal poderão experienciar precipitações abaixo da média climatológica. Em relação às temperaturas, as projeções apontam para condições de temperaturas acima da média nos meses vindouros.
Sudeste
Para a região Sudeste, as previsões dos próximos três meses sinalizam uma possibilidade de chuvas abaixo da média climatológica na zona norte. Por outro lado, São Paulo e as áreas sul de Minas Gerais e Rio de Janeiro podem experienciar precipitações acima da média, com uma tendência para a normalização das chuvas, a partir de novembro. É provável que as temperaturas se mantenham acima da média na maior parte da região.
Sul
A previsão indica uma alta probabilidade de precipitações superiores à média histórica em toda a região Sul, uma consequência potencial dos efeitos do fenômeno El Niño na área. As temperaturas predominantes devem estar acima da média climatológica, com exceção do sul do Rio Grande do Sul, onde podem ser mais amenas — devido à sequência de dias chuvosos.
Nordeste
A previsão indica uma tendência para chuvas abaixo da média histórica em grande parte da região Nordeste, especialmente no Maranhão e Piauí. No leste da Paraíba e de Pernambuco, a precipitação pode ser próxima da média. A influência do El Niño está associada às previsões de chuva para a região, assim como ocorre na região Norte. A expectativa é de que as temperaturas prevaleçam acima da média histórica em todo Nordeste nos meses seguintes.
Norte
A previsão sugere uma predominância de chuvas abaixo da média histórica em grande parte da região Norte, influenciada pelo fenômeno El Niño. A temperatura média do ar durante a primavera tende a ser mais elevada que a média climatológica em toda a área. É importante enfatizar que a escassez de chuvas no sul da Amazônia, combinada com temperaturas altas e baixa umidade relativa do ar, é propícia para aumentar a ocorrência de queimadas e incêndios florestais.
Como agir em casos de alagamentos?
Medidas preventivas
- Procure a Prefeitura para saber se sua casa está em área de risco
- Antes da época de chuvas, mantenha calhas e ralos de sua casa limpos
- Acione a Prefeitura se você tiver conhecimento de bueiros entupidos ou destampados
- Retire o lixo e leve-o para áreas adequadas de descarte e não sujeitas a alagamentos
Como agir antes?
Procure saber sobre os históricos de alagamentos em sua cidade para buscar, em dias de chuva, rotas alternativas se estiver em trânsito
Se houver risco de alagamentos ou inundações na região onde você mora, coloque documentos e objetos de valor em sacos plásticos bem fechados e em local protegido e de fácil acesso em caso de evacuação
Coloque seus móveis e utensílios em locais altos
Tenha sempre lanternas e pilhas em condições de uso. Não use velas ou lamparinas devido ao risco de incêndio
Como agir durante?
Auxilie crianças, idosos e pessoas com dificuldade de locomoção próximas a você
Os animais de estimação também sofrem com as águas, por isso, garanta a segurança deles
Evite contato com a água de alagamentos, pois podem estar contaminadas e provocar doenças
Nunca atravesse pontes, ruas ou avenidas alagadas, mesmo estando de carro, moto ou bicicleta, pois a força da água poderá arrastá-lo
Como agir em casos de deslizamentos
Medidas preventivas
- Não construa em locais proibidos pela prefeitura, a exemplo de morros acidentados e encostas
- Não construa sua casa sem acompanhamento técnico
- Não desmate morros e encostas para assentamento de casas e outras construções
- Não retire a vegetação natural que protege a encosta. Nesses locais, não plante bananeiras, pois elas deixam o solo mais instável
Como agir durante
- Observe os sinais de movimentação do terreno, como rachaduras no chão; árvores, postes ou cercas inclinadas ou embarrigadas; desníveis ou fendas no terreno; levantamento do piso da residência; barulhos vindos do chão como se fossem pequenos terremotos
- Se observar algum desses sinais de movimentação do terreno, saia imediatamente da sua casa e avise à Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e os moradores da região
- Auxilie crianças, idosos e pessoas com dificuldade de locomoção próximas a você.
Como agir depois
- Não entre no local do deslizamento sem autorização
- Não volte para casa até que haja liberação da Defesa Civil ou órgão competente de sua cidade.
Em caso de dúvidas ou emergências, contate a Defesa Civil pelo número 199 ou o Corpo de Bombeiros pelo 193.
Fonte: Brasil 61